IMPRENSA

POR QUE A FILA DE ADOÇÃO NÃO ZERA? (REGRA DOS TERÇOS)

Por Glenda G. Gondim

Publicado em 25/05/2022

Com 8 candidatos para cada criança, por que a fila de adoção não zera?

Erick Mota

Dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) compilados pelo Observatório do 3º Setor apontam 26,1% dos pretendentes a adotar desejam crianças brancas, que representam apenas 16,68% dos cadastrados na fila para adoção. Crianças de até 4 anos são desejadas por 58%, desses, 51% exigem que elas tenham de 0 a 3 anos e 61,5% não aceitam irmãos. 57,7% dos pretendentes não aceitam crianças ou adolescentes com nenhum tipo de doença. E se a criança tem mais de 8 anos, as chances dela conseguir ser adotada cai abruptamente, pois somente 4,52% dos candidatos aceitam adotar quem tem mais de 8 anos.

Enquanto menos de 17% das crianças e adolescentes cadastrados na fila de ação são brancas, quase 49,7% são pardas. Em suma, 92% das crianças e adolescentes não estão dentre o perfil buscado pelos candidatos a pais e mães.

Para a advogada, mestre e doutora em Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Glenda Gondim, especializada em direito familiar, muitos pretendentes entram na fila da adoção com uma visão que objetifica a criança, escolhendo ou rejeitando aqueles que não se adaptam no perfil físico esperado. Segundo Gondim, isso pode vir a trazer prejuízos para esse núcleo familiar no futuro. “Que tipo de família é essa que você está formando, se família é ninho? Como é que você deseja essas características? E essa pessoa fugir desses critérios em determinado momento? E se ela não for exatamente o que você está desejando? Se ela em algum momento tiver aqui alguma situação, alguma dúvida diferente do que você está esperando que ela tenha? Porque ela é um ser humano. As crianças nascem pelos pais e não dos pais”, reflete a doutra.

Faltam políticas públicas

Um dos caminhos para mudar este cenário e chegar mais próximo de zerar a fila de espera da ação no Brasil passa, necessariamente, pela construção e implementação de políticas públicas para isso. Porém, segundo Glenda Gondim, o governo federal não tem apresentado medidas satisfatórias nesse sentido.

“Não temos políticas públicas adequadas para isso. Já tivemos algumas iniciativas, mas atualmente não temos. O que a gente tem visto muito são iniciativas privadas, ou seja, pessoas que criam mecanismos para fomentar a fala da adoção, para discutir esse tema tão importante”, aponta Gondim.

Neste dia 25 de maio é comemorado o Dia Nacional da Adoção, mas o que se tem visto é um apagão quanto a importância da data. “Veja, até mesmo quando a gente tem aí no mês de maio a data da adoção, quando nós deveríamos estar sendo levados em enxurradas de publicidade, de políticas públicas, não vimos”, diz a advogada.

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